Mestiçagem e temporalidade no Brasil mestiço de Sílvio Romero no final do século XIX

Laburpena

A proposta deste artigo é pensar, no âmbito da história intelectual, o conceito de mestiçagem e as diversas experiências de temporalidade a ele associadas nos textos do letrado brasileiro Sílvio Romero, em especial em seu livro História da Literatura Brasileira, publicado em 1888. Estes textos se configuram como diagnósticos sobre o Brasil e o continente americano naquele final do século XIX, quando os conceitos de raça e mestiçagem ganham centralidade com o cientificismo oitocentista e as novas teorias raciais. Associada quase sempre às ideias de decadência e degeneração, a mestiçagem impõe-se então como tema central, remetendo a impasses e questionamentos cruciais diante do dilema de conciliar uma realidade social de ampla miscigenação, com a crença na civilização como valor essencial e necessário à construção de uma nação e de seu povo. Pretendo salientar como a temporalização do conceito de mestiçagem aparece neste texto, a partir da análise das diversas experiências temporais a ele identificadas, relacionadas à uma concepção moderna de tempo histórico linear e do progresso.